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sábado, 18 de abril de 2015

De Fortaleza para Ville de Québec.

Hoje completamos um mês que chegamos em Québec e eu estou sim, em dívida com meu bloguinho.

Um mês!!! E foi o mais intenso que já vivi nesses meus 29 anos de vida. Dizem que a vida começa quando a gente sai da zona de conforto, então...eu vivi 29 anos em um mês. Teve alegrias e tristezas, erros e acertos, medos e coragens absurdas, teve até tombo no gelo e fraturas...mas vamos começar do começo:


A Viagem:

Não foi tranquila! Pra começar o táxi que pedimos ainda em Fortaleza chegou com meia hora de antecedência, acordamos cedinho pra fazer tudo mais não deu tempo, era muuuuita coisa pra arrumar e a ultima mala pra fechar, não queria fechar. Chegando no aeroporto, pesamos as 5 malas e todas em média 32 quilos. Fizemos o checking, nos despedimos da família e partimos pra SP. Chegando em SP nós corremos, sim corremos mesmo o aeroporto de uma ponta a outra pra pegar o avião da Air Canada. Eu com o baby no braço, o outro no bucho e uma mochila de quase 10 quilos nas costas e o marido com mais 4 malas de mão também de quase 10 quilos, correndo! Demos 3 horas de folga no aeroporto mais não sei porque cargas d'agua estávamos atrasados. Enfim entramos, mas o avião estava com um problema no computador de bordo e outro no gerador. Passamos duas horas dentro do avião passeando, sim, o avião taxiando de um lado pra outro no pátio do aeroporto. Estávamos com fome, exaustos e eu pedindo a Deus pra trocar de avião com medo daquele bendito cair. Acabou que, ele decolou, comemos e o baby se aconchegou e dormiu o voo inteiro nas minhas pernas. Chegamos em Toronto, e claro, perdemos o voo pra Québec. Fizemos o landing, não falamos inglês, nem o atendente falava francês e nem conseguiu ninguém que falasse. O marido entendia o que ele falava mas não sabia responder, apenas uma mulher super simpática falava um pouco de espanhol e voilà, conseguimos nos comunicar e deu certo, fizemos o primeiro documento, a Carta de Residente Permanente. A novela pra remarcar o voo foi terrível, mesmo problema, o inglês, ninguém fala francês ali gente, ou não demos sorte. Mas com o inglês meio atravessado conseguimos remarcar. As malas foram primeiro. Pegamos o voo para Québec num teco teco hahaha. A gente via gelo lá de cima e o marido achando que era areia, vai bando de matuto. Colocamos os pés em Québec ás 16:30 do dia 19 de março de 2015, mas nossas malas não. E ficamos esperando elas chegarem até as seis da noite e por pouco não dormimos na rua, pois a concierge ficava exatamente até esse horário. Pegamos um táxi e fomos emfim, pro apartamento. Não dormimos, desmaiamos de tão exaustos. Foram mais de 30 horas de Fortaleza até o apartamento que alugamos.


Primeiros dias:

Demos entrada no Nas (como o CPF do Brasil), na Assurance Maladie (o seguro saúde), solicitamos no Mieux-Être ajuda alimentar (uma espécie de organismo comunitário de ajuda ao imigrante), abrimos a conta no Banco Desjardins, aderimos ao plano de internet, compramos outro celular pois o que trouxemos que era da Itália não funcionou aqui. Fizemos compras no supermercado, pagamos o segundo mês de aluguel (o primeiro já estava pago desde o Brasil), dei entrada no hospital pra fazer o meu acompanhamento da gravidez, fizemos compras no Dollarama (muito bom esse Dollarama viu), conhecemos uma brasileira e nossa conterrânea que nos ajudou e tem nos ajudado de uma forma tão maravilhosa que eu jamais terei como retribuir tudo o que ela tem feito por nós. Fomos passear no Château Frontenac no domingo de Pascoa e, um m%&$£/ aconteceu. O marido escorregou em uma rua por trás do Château, não vimos o gelo, era ladeira e páaa, os três, ops os quatro caíram, juntos. O marido ralou o cotovelo, eu cai de bunda, e o baby que vinha no colo torceu o pé. Com a queda o sapato dele enganchou na lateral do marido. Ele chorou muito na hora, e achávamos que era por conta do susto. Pegamos o ônibus e voltamos pra casa. Eu senti dores nas costas tomei um Tylenol e foi melhorando, não tive sangramentos. O marido teve um pouco de dores também e tomou Tylenol e passou. O baby começou a ter febre, não conseguia por o pezinho no chão. Eu dei um remedinho, ele comeu e dormiu. No outro dia, a febre não cedia, o tornozelo amanheceu inchando e acionei imediatamente o seguro saúde, GTA (super recomendo o plano, usado e reusado). A Goral, representante da GTA aqui em Québec enviou um médico em nossa casa para ver o baby. Ele nos mandou ir imediatamente para o hospital fazer um Raio X. Fomos ao CHUL (hospital infantil) por sinal o melhor da cidade. O baby estava com 40 graus de febre (ela não cedia de jeito nenhum) ele tomou um remedinho mais forte (Advil) e foi encaminhando para o Raio X. Gente, quem tem filhos vai entender nosso sofrimento e desespero. Eu pedi tanto a Deus pra não ser preciso cirurgia, não ser nada grave, nos sentimos tão mal e impotentes em relação a tudo aquilo que estava acontecendo. Nosso bebê com febre, molinho, tornozelo inchado, a gente em um país diferente do nosso, não conhecendo como funciona a saúde aqui, não falando bem a língua e meu pensamento era apenas que a culpa era toda nossa por tê-lo colocado naquela situação. Eu chorei muito, tive vontade de voltar pro Brasil. Foi terrível! Bom, o médico chegou e explicou: Ele fraturou a perna e temos que engessar. Obrigada Senhor, dos males esse é o menor. Era uma segunda feira, feriado aqui no Québec. Ele imobilizou a perna pra desinchar primeiro e depois colocar o gesso. Foi marcado um rendez-vous (tudo aqui tem rendez-vous) para Quarta. Nesses dias que passamos em casa ele ainda teve muita febre alta, foram quatros dias assim, não comia, não bebia, tristinho, eu chorei muito, muito mesmo. Aos poucos a febre foi cedendo e voltamos ao hospital. Ele colocou o gesso na perninha toda agora. Pedimos o gesso de fibra de vidro, é mais leve, seca em uma hora e a criança ainda escolhe a cor que quer, ele escolher verde. E voltamos pra casa. Esses dias, até a volta dele ao hospital para o acompanhamento com o ortopedista infantil e um novo Raio X de acompanhamento, foi dedicado totalmente a ele. Meu baby foi se recuperando, aos poucos se alimentando melhor, foram dias dedicados exclusivamente a ele, muito amor e carinho era o minimo que podíamos oferecer. Nesse meio tempo, Deus nos enviou um anjo que nos ajudou muito, nos acompanhou até o hospital, nos deu carrinho, roupinhas, brinquedos até o baby 2 ganhou bebe conforto, cadeirinha, brinquedos. Como o nosso apartamento é um semi-mobiliado (fogão e geladeira), compramos um colchão inflável no Brasil e trouxemos, mais o infeliz furou e fizemos de tudo pra tentar reparar mais não deu certo, passamos uns bons dias dormindo no chão. Tentei deixar o baby o mais confortável possível com toalhas e panos e panos, mais nada como um colchão. Consegui enfim encontrar no Facebook um colchão pra ele, eu e o marido dormimos mais uns dias no chão até encontramos uma quebeca da qual compramos uma cômoda e ela nos deu o colchão com a base. Demoramos pra conseguir comprar móveis pois quando um produto é anunciado nas comunidade do Facebook rapidinho é vendido e no kijiji (site de anúncios aqui no Canada) quando encontrávamos algo bom, a pessoa morava muito longe ou era caro. E, até ontem, estávamos fazendo nossas refeiçoes em cima de uma toalha no chão, agora ganhamos uma mesa com cadeiras. Fomos a uma igreja aqui pertinho de casa pra nos informamos sobre cesta de alimentos (as igrejas aqui fazem muito isso, tem doação de móveis também). Marcaram um rendez-vous e veio uma senhorinha com um senhorzinho muito simpáticos aqui em casa, fizeram uma ficha e nos deram um cheque para gastarmos com alimentos no mercantil (fiquei surpresa), mais surpresa ainda quando a senhoria veio aqui em casa ontem trazendo mesa com cadeiras e disse que na terça agora vem nos pegar pra escolhermos uma mesa pra gente na loja! Eu agradeci, disse que essa que ela tinha trago já estava excelente, mais ela faz questão. E vai nos dar um berço também. Eu nunca ganhei nada no Brasil, nem um sorriso ganhávamos. Nunca conhecemos tanta gente boa e de bom coração disposta a ajudar, mesmo, sem querer nada em troca, apenas pelo prazer em ajudar. Não que no Brasil não tenha isso, longe de mim dizer isso. Mas fomos tão bem acolhidos, é tanta atenção e carinho conosco que não estamos acostumados com isso tudo. Eu juro que vou retribuir toda essa ajuda e esse acolhimento que temos tido desde que chegamos. Essa é uma corrente do bem, podem acreditar. Voltando ao nosso filho, ele iria passar 2 meses com o gesso, mas felicidade, só ira passar um mês, a recuperação dele esta excelente e no dia 1 de maio ele fará um novo Raio X de acompanhamento e retirar o gesso. Com esse infeliz acontecimento com ele paramos tudo o que iriamos fazer. Nos próximos dias terei que enfim fazer meu acompanhamento da gravidez, entrei no terceiro trimestre e com tudo isso que tem acontecido não posso esquecer que tenho outro baby a caminho. Além disso, ainda falta darmos entrada nos benefícios do governo provincial e federal para o baby. A francisaçao acredito que não dará tempo nem eu nem o marido fazermos pois logo logo o baby 2 nasce e teríamos que parar no meio do caminho. Sem contar que a creche pro baby 1 é um pouco mais demorada e ele com gesso eu jamais deixaria ele em uma garderie.

Me desculpem se falei demais, ou se algumas coisas não fizeram sentindo com outras, como eu disse no começo, vivi 29 anos em um mês, eu não tenho como explicar todos os detalhes aqui. Entre aprender a andar na cidade de ônibus, acostumar com o final do inverno e todo esse turbilhão de emoções, do pouco que vimos da cidade posso dizer que, ela é realmente encantadora, tem gente de todo lugar do mundo e a língua mais falada é realmente o francês.

Acredito que tudo tem valido a pena até agora, os 3 anos investidos em estudos e pesquisas, todo o dinheiro que já gastamos no processo. Realmente, a imigração começa aqui, agora, quando você coloca teus pezinhos nesse país maravilhoso. Mas qualquer que seja o final da historia o fato é que migrar para outras regiões e principalmente para outros países pode ser uma experiência muito enriquecedora. Seja por uma temporada, alguns alguns anos, ou pra sempre. A viagem sempre vale a pena! Motivo você não precisa, o que você precisa mesmo é de coragem!

Obrigada aos que nos mandaram vibrações positivas.





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